Prometi a mim mesma que nunca mais iria escrever para ti, nem sobre ti e muito menos derramar uma única lágrima por um ser tão estúpido como tu. Mas hoje apetece-me tirar cá de dentro tudo o que me consumiu durante tanto tempo.
Olho para trás e pergunto-me como pude ser tão cega, tão ingénua. Querias tirar-me tudo e conseguiste. Roubaste o meu amor, roubaste tudo de mim. Acreditei em mil e uma palavras que me dizias, palavras que utilizavas como se fossem meros acessórios para a aproximação entre duas pessoas. As palavras leva-as o vento, ás vezes é tão forte que as leva para sempre. Em relação ás tuas, não preciso delas para nada. Dispenso-as como o mais reles perfume, e deito-as fora como uma folha amarrutada que é atirada ao lixo. É muito mais fácil dizer do que fazer, ou ainda mais do que sentir, não é? Como pudeste fingir ser uma pessoa que não eras, nem nunca foste? Tinhas duas, três, quatro caras. Em cada altura usavas a que mais te convinha. Cheguei á conclusão que nunca te conheci, és a pessoa que mais me iludiu, que me fez subir o mais alto possível, para depois me arrancares as asas e cair no chão com toda a força. E como pude eu cair duas vezes no mesmo erro? Abri os olhos finalmente, e afastei-te de mim. "Pus-te um par de patins", em linguagem corrente, coisa que já devia ter feito há muito tempo. Agora sei que te gabas por todo o lado onde passas, que falas de mim como se eu fosse um objecto que te pertencia e que ainda pertence, mas enganas-te! Ainda não percebeste que desapareci da tua vida? Que já não significas nada? De mim não ouvirás mais uma única palavra, nem verás mais nenhum sorriso. Sentirás indiferença simplesmente, aliás, eu sei que já a sentes, pois isso justifica todas as tuas atitudes.

Para ti não voltarei, nunca mais.